terça-feira, 8 de junho de 2010

CINEMA PORTUGUÊS - UM FUNERAL À CHUVA

Com argumento e realização de Telmo Martins surge a mais recente comédia cinematográfica portuguesa Um Funeral à Chuva. Dão corpo ao filme alguns dos mais sólidos actores da nova geração, designadamente Alexandre da Silva, Pedro Górgia, Sandra Santos e outros.
O filme é mais um painel do Portugal contemporâneo a ter em conta. De alguma forma amplia outros olhares, como os filmes Zona J de Leonel Vieira (1998) e Juventude em Marcha (2006) de Pedro Costa.
Os problemas da sociedade portuguesa não são só os dos bairros periféricos, com as suas populações de origem africana ou imigrante, sobretudo, mal integradas cultural e economicamente.
A relevância que o filme dá a um grupo de ex-estudantes de uma universidade do interior ao incorporá-los, de uma maneira geral, nos excluídos do mundo dos sonhos, suscita outras considerações.
Com efeito, através dele constatamos a completa ruptura da estrutura social. Eles, que à partida pela ilustração, estariam predispostos a fazer parte do mundo dos eleitos, dez anos depois exibem fracassos e contradições,
A forma delirante e cómica como expõem a sua vida e as suas memórias, torna ainda mais dramático o retrato do país, revelando que aqueles a quem estava destinado desempenhar o papel de elites do país, a quem competiria resolver os problemas dos grupos tradicionalmente menos desfavorecidos, estão também eles condenados à impotência e, portanto, a ampliar o caos social.
O funeral como motivo de viagem ao passado e balanço de vida, torna-se um tempo de olhar o futuro, e a chuva que cai, copiosamente, na cerimónia fúnebre é um prenuncio do renascer da esperança.
O filme assume-se como uma comédia, provocando o riso contínuo do espectador, mas há muitos risos cheios de fel!

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